domingo, 24 de abril de 2011

Auto estima

Depois de algumas, e breves, considerações de carácter geral, importa referir o factor comum a todos os alunos/reclusos: ausência de auto estima.
A expressão «Auto Estima» ouve-se com frequência nos mais diferentes contextos, apontando, no entanto, sempre para o mesmo sentido. Ausência de algo importante na vida de cada um.

Como disse Nathaniel Braden (1930 psicoterapeuta canadiano, cuja obra trata os temas de auto-ajuda, auto-confiança e o que esta determina na saúde mental do indivíduo), a auto-estima assenta, designadamente em seis pilares:
. Atitudes de viver conscientemente
. Auto-aceitação
. Responsabilidade
. Afirmação
. Intencionalidade e
. Integração pessoal».
Ou seja, a base da auto estima assenta na confiança nas nossas capacidades para pensar e enfrentar os desafios; confiança no direito de cada um ao seu quinhão de felicidade; o sentir-se útil e competente, digno, autónomo e qualificado para expressar e satisfazer as suas necessidades e desfrutar as realizações por mais humildes que sejam, e pode definir-se como a opinião que cada um tem acerca de si (auto-conceito), ao qual se junta o valor ou sentimento que se tem de si mesmo (amor próprio, auto-valorização), somando os demais comportamentos e pensamentos que demonstrem a confiança, segurança e valor que o indivíduo dá a si (auto-confiança), nas relações e interacções com outras pessoas e com o mundo. Assim, não estamos a falar apenas de um sentimento que temos por nós mesmos, mas de pensamentos e comportamentos que temos relacionados com nós mesmos. A ausência de auto estima, manifesta-se, designadamente por: fragilidade perante a crítica; rejeição; humilhação; abandono; .desvalorização e perdas importantes.
Para José António Alcântara, “A auto estima é uma atitude para consigo próprio”
Questão pertinente é saber se, porventura, a auto estima é algo de inato, que se «traz» ou se, por motivos diversos, se adquire. Daqui se pode aferir de alguma base comum entre os reclusos/alunos. O mesmo autor afirma: “não; é adquirida e ocorre como resultado da história de cada pessoa”.
Mas o que é uma prisão, afinal, para além do conceito comum?
É um espaço institucional da justiça moderna, arquitectado de forma a acolher pessoas condenadas pelos tribunais a cumprir tratamentos penitenciários, pessoas a quem foi decretada judicialmente uma medida de privação de liberdade para efeitos preventivos antes de julgamento ou pessoas detidas e retidas às ordens de forças policiais ou militares. E por oposição o que é a liberdade?
Para Jean Paul Sartre (filósofo e escritor francês 1905-1980), “a liberdade é a condição ontológica do ser humano”. Spinozza, (filósofo holandês 1632-1677), por seu lado referiu que: “associada à liberdade, está também a noção de responsabilidade, já que o acto de ser livre implica assumir o conjunto dos nossos actos e saber responder por eles”. Questão pertinente que tem que ver com a integração de um indivíduo numa comunidade ou a sua reintegração quando sai da prisão? Então o que é a socialização: É o processo através do qual um indivíduo se torna membro funcional de uma comunidade, assimilando a cultura que lhe é própria. É um processo contínuo que nunca se dá por terminado, realizando-se através da comunicação, sendo inicialmente pela "imitação" para se tornar mais sociável. O processo de socialização inicia-se, contudo, após o nascimento, e através, primeiramente, da família ou outros agentes próximos, da escola, dos meios de comunicação de massas e dos grupos de referência. A socialização é, portanto, um processo fundamental, não apenas para a integração do indivíduo na sua sociedade, mas também, para a continuidade dos sistemas sociais. É o processo de integração do indivíduo numa sociedade, apropriando comportamentos e atitudes, modelando-os por valores, crenças, normas dessa mesma culturas em que o indivíduo se insere. Tem duas variantes: socialização primária: onde a criança aprende e interioriza a linguagem, as regras básicas da sociedade, a moral e os modelos comportamentais do grupo a que se pertence. A socialização primária tem um valor primordial para o indivíduo e deixa marcas muito profundas em toda a sua vida, já que é aí que se constrói o primeiro mundo do indivíduo e socialização secundária: todo e qualquer processo subsequente que introduz um indivíduo já socializado em novos sectores do mundo objectivo da sua sociedade (na escola, nos grupos de amigos, no trabalho, nas actividades dos países para os quais visita ou emigra etc.), existindo uma aprendizagem das expectativas que a sociedade ou o grupo depositam no indivíduo relativamente ao seu desempenho. A resocialização e reintegração serão a mesma coisa? A reintegração social é definida como qualquer intervenção na sociedade com o objectivo de integrar as vítimas de exclusão social presentes numa comunidade, assentes nos três pilares fundamentais dessa reintegração social, que são: habitação, educação e o emprego (incluindo a formação profissional). Também podem ser utilizadas outras medidas, como o aconselhamento e as actividades de lazer.
Bibliografia:
Alcântara, José antónio - Como Educar a Auto Estima - Lisboa, ed. Plátano, 1998

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