terça-feira, 31 de maio de 2011

Uma das ferramentas de trabalho, que se revelam de maior utilidade (e refiro, surpreendente, é a poesia. Digo surpreendente, porquanto numa comunidade sem hábitos de leitura e em particular de poesia, a constatação de tal facto é deveras curioso e interessante. Aquando da leitura e trabalho de dramaturgia de UMA GOTA DE MEL, a primeira impressão que lhes ficou, foi a esperada: um encolher de ombros e a ideia de que o texto era demasiado infantil, desprovido de interesse para eles. Depois trabalhou-se o texto com uma leitura mais «olhos nos olhos», mais intimista, mais para dentro de cada um. A partir de várias leituras e explicações, avivaram-se as pontes do texto para a realidade geral e a pessoal. Então, o resultado foi um manifesto entendimento e aceitação, de que: "as grandes tragédias pessoais ou colectivas podem começar pela mais ínfima das coisas, até mesmo uma gota de mel doce que as abelhas foram colher a umas flores belas e frescas".Eles começaram a entender e a aceitar que de facto, UMA GOTA DE MEL, trata, parte, ou em alguns casos, a vida de cada um no seu todo. De facto, eles sabem melhor que ninguém que foi um gesto ínfimo que determinou a sua tragédia. Recordo que a esmagadora maioria dos alunos/reclusos/actores, tem como base da sua pena, a relação com estupefacientes.
Portanto , o estabelecimento de pontes para a realidade de cada um, através de um texto poético, revelou-se um instrumento de trabalho fantástico, e refiro de novo, surpreendente.

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